quarta-feira, 11 de abril de 2012

Travessia I parte


"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.." Fernando Pessoa



Após alguns meses de reflexão, ponderação e medo acabo de dar o primeiro passo para realizar uma das travessias necessárias, o desconhecido assusta e estimula ao mesmo tempo. A necessidade de conciliar o pensar, sentir e agir falou mais alto que a segurança.

Tenho a certeza de que estou fazendo o certo, mas não é fácil fazer o certo e aquilo que o seu coração manda. Como integrante do proletariado vendo minha força de trabalho em troca de salário, mas não posso vender meus direitos e o meu ideal de um mundo justo. E se realmente desejo relações justas tenho que lutar por elas.

Com certeza 11 anos não são 11 dias, muitos laços foram feitos e esses levarei comigo onde estiver, muitas trocas foram realizadas, conhecimento construído e a certeza de que efetivamente contribuí.

Sentirei falta da convivencia cotidiana com meus colegas e amigos Cristiano Nascimento, Nádia Ivelise e Jean Rocha. De cada um terei sempre uma lembrança especial. Cristiano sua criticidade aguçada e os ouvidos para sempre contribuir com as minhas maluquices e o seu olhar de reprovação quando estas estavam demais. Nádia com seu espirito jovem e tonturas que muitas vezes me deixou tonta, um jeito sério e um coração grandioso sempre pronta  a escutar e dividir a sua experiência. Jean e seus comentários de Nelson Mota na hora do almoço. Outros como Giovana com quem compartilhei a paixão pelo trabalho quando este traz um ganho que salário nenhum paga, a sua ingenuidade e cabeça dura. Davi com seu sorriso e compromisso com o que fazia, Jorge com o seu jeito “justo” de ser. Foram muitas risadas, muitos stresses e vontade de apertar o pescoço de vcs algumas vezes, mas como sempre digo: O bom da vontade é que ela dá e passa. Rsrsrs  Com certeza sentirei muita saudade. Acho que foi por isso que ontem ao escutar o Bolero de Ravel senti uma saudade que não sabio do que era, agora já sei.

Agradeço imensamente aos gestores e integrantes das instutuições sociais  com os quais pude aprender  e vivenciar processos de lutas coletivas, dedicação, dificuldades e concretização de sonhos esse sentimento estará sempre comigo onde quer que eu vá.

As minhas meninas da Rede Recostura o meu muito obrigado por terem partilhado comig o sonho de um mundo mais justo e solidário, as palavras de carinho, as conversas e os sorrisos durante nossos encontros alimentaram minha alma e me deram muitas vezes força para não desistir.

Após 11 anos, entro na adolescencia e como todos adolescente preciso ir atrás de novas conquistas, novos desafios, as roupas estão apertadas e os caminhos conhecidos e levando sempre aos mesmos lugares. Lembrei-me agora do Antonie de Sait Exupery ” A gente só conhece bem as coisas que cativou - disse a raposa.
- Os homens não têm mais tempo de conhecer coisa alguma.
Compram tudo já pronto nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos,
os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me e Carlos Castañeda “Qualquer caminho é apenas um caminho  e não constitui insulto algum - para si mesmo ou para os outros - abandoná-lo quando assim ordena o SEU coração.

Olhe cada caminho com cuidado e atenção.
Tente-o tantas vezes quantas julgar necessárias.
Então, faça a si mesmo e apenas a si mesmo uma pergunta:

possui esse caminho um coração?

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